vivendo no país das barbáries à sombra da lei

Dificilmente passa um dia sem que sejamos assolados pela notícia de uma nova barbárie. Desta vez, estamos perplexos pelo brutal assassinato da menina Isabela. Mas, além da indignação e incredulidade de que um ser humano possa ser capaz de tal atitude monstruosa, alguns fatos nos chamam a atenção neste caso, iniciando pela demonstração de incapacidade da polícia e da própria justiça, em comprovar a evidente responsabilidade do casal. Cada um que tomou conhecimento deste caso, desde o momento da sua divulgação, tem plena convicção de que foram o pai e a madrasta responsáveis pelo assassinato da menina. Vários detalhes no comportamento dos dois corroboraram essa tese, pois sabemos que um pai e uma madrasta normais, jamais reagiriam da forma como reagiram, logo após a queda da menina, e mesmo nos momentos seguintes. Desnecessário se torna repetir aqui, que não chamaram o resgate, preferindo ligar primeiro para o pai dele e em seguida xingar o porteiro pela insegurança do prédio, não demonstrando desespero, tentando pegar a menina nos braços para socorrê-la, aliás, em momento algum, após a queda, o pai e a madrasta tocaram na menina, parecendo que evitavam a todo o custo, deixar alguma digital. Em nenhum momento surgiu qualquer evidência, por menor que fosse, da existência de uma terceira pessoa na cena do crime. Somam-se a isso, relatos de testemunhas e outros indícios científicos. Pronto. Somos leigos, mas temos essa convicção desde o primeiro instante. No entanto, ocorreu uma sucessão de absurdos por parte da polícia especializada. Entre os principais, está o fato de não ter isolado imediatamente o apartamento, que era a cena do crime, e não ter recolhido na hora as roupas usadas pelo pai, pela madrasta e pela menina, além de examiná-los, procurando por exemplo, vestígios de pele nas unhas, sangue, cabelos, etc. Afinal eles eram os únicos que estavam na cena do crime, não importando se ainda não eram suspeitos naquele momento. Não se trata de incriminar, e sim de juntar subsídios para auxiliar a desvendar o caso, e convenhamos, se eles fossem realmente inocentes como queriam aparentar, jamais se oporiam a isso, pois também estariam empenhados em descobrir o verdadeiro assassino, algo que em nenhum momento demonstraram. E para aumentar o leque de absurdos da polícia, deixaram que o avô materno adentrasse sozinho no apartamento, com o pretexto de buscar roupas para os dois netos. Seria piada, se não estivéssemos falando de um crime brutal, um assassinato de uma menina de 5 anos. Disso tudo eu tiro a seguinte conclusão: será que se o pai e a madrasta da menina fossem pobres, moradores da periferia, diante da mesma situação, a polícia não teria agido diferente desde o primeiro momento? O pai é advogado, o avô é advogado, a madrasta é estudante de direito, de famílias de alto poder aquisitivo, e assim, mesmo com todas as evidências de que são assassinos bárbaros, são chamados de 'dotor' pelas autoridades, que desde o primeiro momento ficaram cheias de dedos ao tratar com os envolvidos. –A sua filhinha caiu, 'dotor'? Se fosse o trabalhador da periferia, seria: -Entra na viatura, vagabundo, 'vamo' pra delegacia que eu quero ver se 'tu confessa' ou não! Está evidente que o avô foi o primeiro a saber que os dois haviam feito uma 'besteira' e matado a neta, mas mesmo assim preferiu acobertar e merece cadeia também, assim como a tia da menina. Está evidente que os advogados já foram contratados sabendo que os dois eram os responsáveis, e apenas fariam o possível para livrá-los, arquitetando uma estratégia inteligente e bem amarrada, valendo-se dos erros da polícia. Não somos estúpidos. O que merece quem acoberta um assassino? E quem vai mais além, e o defende? Triste profissão esta, que defende bárbaros assassinos, algumas vezes confessos, por dinheiro (geralmente muito) e por vaidade, sem qualquer escrúpulo. Diriam alguns que alguém tem que defendê-los, pois é um direito deles. E eu respondo: mas precisava ser assim? E ainda corremos o risco de vermos estes animais, pegarem uma pena menor, pois sabemos do que um bom advogado é capaz, com a lei penal brasileira, principalmente depois do procedimento medíocre da polícia durante a fase de investigação, que acabou por desqualificar a maiorias das provas. Vejamos, por exemplo, o fato inédito, dos peritos terem ido ao apartamento por sete vezes, e ainda terem afirmado que iriam quantas fosse preciso. Isso só evidencia que nas outras seis vezes eles ainda não haviam achado nada de significativo. Ora, será que é tão difícil assim? Afinal, quem pegou a menina e a jogou pela janela tem que ter deixado digitais no seu corpinho. Aliás, tem que haver digitais na rede, na faca, na tesoura, na janela, e em todo o apartamento. E além de servir para desqualificar as provas, o maior perigo dessa cena não ter sido lacrada e preservada, mais do que sumir alguma prova, é colocarem algum indício, apenas para confundir. Um fio de cabelo, por exemplo, pode gerar a possibilidade de uma terceira pessoa na cena, confusão que só beneficia os suspeitos, e faz os advogados de defesa 'nadarem de braçada'. Como se já não bastassem os artífícios, benefícios e entrelinhas da lei penal brasileira, absurdamente falha e incoerente (onde um pai que mata bárbaramente a filha de cinco anos, não fica preso, mas um que não paga a pensão, fica detido por 30 dias, sem direito a fiança, habeas corpus ou qualquer outro artifício), ainda temos um procedimento investigatório medíocre como este, beneficiando ainda mais estes frios e cruéis assassinos, que ainda obtêm das autoridades, o tratamento respeitável de 'dotor', acabando por endeusar advogados que conseguem livrá-los, ou na pior das hipóteses, reduzir bastante a sua pena, com artifícios e atenuantes. É, só nos resta mesmo, atônitos e indignados, aguardar mais uma vez, pela justiça de Deus, à qual ninguém passa impune. (Criado em 16/04/08)

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