Star Trek: TOS (a série original)

Daqui a 250 anos, quando arqueólogos (ou historiadores) estiverem estudando os primeiros tempos da internet, provavelmente, vão descobrir montes de páginas e discussões sobre "Jornada nas Estrelas", "Caminho das Estrelas", "La Patrouille du cosmos", "Uzay Yolu", "Raumschiff Enterprise", "Zvjezdane staze", etc.

Examinando com calma, vão perceber que todo esse conteúdo produzido nos 4 cantos da Terra se refere a uma série de televisão chamada Star Trek.

Provavelmente, vão achar divertido ver como o povo do século XX imaginava a vida no século XXIII.

Para facilitar a vida dos pesquisadores do futuro, resolvi abrir um espaço aqui para discutir o que mudou da segunda metade dos anos 1960 até hoje, final da primeira década do século XXI.

Acabei de assistir a série original de Jornada nas Estrelas, atualmente conhecida como TOS (The Original Series ou A Série Original).

Não via as aventuras do Capitão Kirk, Spock e Dr McCoy na TV desde os anos 1970 (talvez 1980s) quando passava na TV aberta.

Me diverti muito com as fantasias de monstros e as pedras de isopor que pareciam tão reais na minha infância, mas o que mais me chamou atenção foi a diferença de alguns valores culturais.

Quando o primeiro episódio de Star Trek foi transmitido em 1966, a série era considerada progressista.

Tripulação multiracial, primeiro beijo entre um branco e uma negra transmitido pela TV americana e a Primeira Diretriz (não interferência no desenvolvimento de outras sociedades ou culturas) parecem normais hoje em dia, mas na época causou algum espanto.

Só para colocar um pouco de contexto: Martin Luther King foi assassinado em abril de 1968... ou seja, a luta pelos direitos civis dos negros americanos estava de vento em pôpa quando a série original foi escrita.

Entretanto, Star Trek TOS é capaz de irritar profundamente as feministas... acho.

O primeiro piloto da série (que depois foi reciclado no episódio "Menagerie") tinha como uma mulher como primeiro oficial, mas a idéia foi rejeitada pela rede NBC.

O criador Gene Roddenberry concordou, acreditando que os espectadores não estavam preparados para ver uma mulher em posição de comando.

O resultado: as duas mulheres com mais destaque na tripulação da Enterprise, as tenentes Uhura e Chapel, representam as profissões "femininas" aceitas na época.

Uhura tem o título de "oficial de comunicações", mas na prática age como uma telefonista e Chapel é chefe das enfermeiras.

A maioria das mulheres que servem na Enterprise servem cafézinho, levam documentos para o capitão assinar, etc... Vez ou outra aparece uma psicóloga ou bióloga (((preciso rever a série para confirmar isso e tb se nos corredores da nave não há mulheres andando desacompanhadas))).

De qq modo, imagino que a "Federação" deve ter implantado uma política de ação afirmativa entre 2265 (início da jornada da TOS) e 2371 (quando foi lançada a Voyager, sob o comando da Capitã Janeway).

Não sou trekkie, por isso não sei se existem mulheres no comando de naves da "Federação" contemporâneas do Capitão Kirk... mas pelo menos o uniforme dos militares do século XXIV não é uma minisaia que mal cobre o traseiro.

A discriminação institucionalizada contra mulheres na "Federação", na época da série original, até pode passar despercebida pela maioria. Principalmente no Brasil, onde tem gente que até hoje acha estranho ser chefiado por uma mulher.

Contudo, mesmo no país onde a bunda feminina é a "preferência nacional" e milhares delas rebolam orgulhosas todos os dias em quase todos os canais de televisão aberta, é impossível não notar o desfile de mulheres objetos, a grande maioria rapidamente conquistada pelo excesso de testosterona do capitão Kirk.

(((falta falar das feministas da época, conectar a tecnologia de Star Trek com a conquista da Lua em 1969 e juntar coisas como a "primeira diretriz" e a "federação" com maio de 1968 e Vietnã)))

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